21.11.2019

DSCH – Schostakovich Ensemble apresenta “CROSSINGS: Clássica, Folk & Jazz”

Crítica no jornal Expresso 07.12.2019:

“Num espetáculo de 140 minutos, o DSCH – Schostakovich Ensemble defendeu com veemência páginas de música de câmara com suítes, sonatas, duos e trios assinados por Stravinsky, Khachaturian, Bartók, Gershwin, Poulenc e S.l. Glick. Também foi a ocasião da estreia de “Alepo”, de Luís Tinoco, peça dedicada ao agrupamento fundado pelo pianista Filipe Pinto-Ribeiro. Trata-se de urna meditação que cruza influências variadas com destaque para músicas do Médio Oriente, num tributo do compositor português àqueles que arriscam a travessia do Mediterrâneo, fugindo a guerras e perseguições. O recital iniciou-se com um trio da “História do Soldado”, de Stravinsky, momento em que o violinista Corey Cerovsek e o clarinetista Pascal Moraguès acompanharam Pinto-Ribeiro numa execução em que a música saiu em estado de graça com os instrumentistas a exibir a sua facilidade em esculpir uma multidão de sons. E a assistência esqueceu-se de olhar para os relógios, ficando hipnotizada como se estivesse a contemplar os relógios a derreter pintados por Dali. Apesar de o DSCH, uma estrutura artística que, desde 2015, organiza no CCB o festival Verão Clássico, viver um momento melindroso com o anúncio do corte da verba da DGArtes que, por razão inexplicável, não foi atribuída como apoio para a realização da sexta edição do evento no verão de 2020 (esta academia tem atraído ao CCB centenas de jovens músicos que frequentam masterclasses orientadas por professores oriundos de orquestras e conservatórios de prestígio internacional), não foi minimamente beliscada a interpretação das sete peças, no recital batizado como “Crossings: Clássica, Folk & Jazz”, uma seleção que ilustrou progressivamente a dissociação de estilos de escrita em função da instrumentação e de influências estilísticas. No exuberante diálogo entre os instrumentistas nos trios de Bartók, Khachaturian e Glick, notou-se como a variedade da escrita, as mudanças de equilíbrio sonoro, o detalhe dos ornamentos e as dinâmicas da frase musical apelaram a escolhas rigorosas de execução.” / Ana Rocha

 

No dia 28 de novembro de 2019, no Centro Cultural de Belém, o DSCH – Schostakovich Ensemble apresentou o concerto denominado “CROSSINGS: Clássica, Folk & Jazz”, dedicado aos cruzamentos entre a música clássica e outros tipos de música, como a música popular e o jazz. Ensemble de geometria variável, o DSCH apresentar-se-á neste concerto em Trio de Violino, Clarinete e Piano, formação que atraiu a atenção de alguns dos maiores compositores do século XX, como Stravinsky, Bartók, Berg, Ives, etc. Esta combinação de instrumentos proporciona enorme riqueza tímbrica e ecletismo e, para além da música clássica, é uma formação comum na música popular judaica «klezmer», que também influenciou o jazz e foi utilizada por compositores como Gershwin e Bernstein.

 

O programa do concerto começou por apresentar três dos principais trios «clássicos» para esta formação: os “Contrastes” de Béla Bartók, obra-prima do compositor húngaro, que foi encomendada pelo famoso clarinetista de jazz Benny Goodman, o “King of Swing”, e que inclui temas e danças de origem popular húngara e romena; a suite para Trio da célebre “A História do Soldado” de Stravinsky, obra icónica do final da 1.ª Grande Guerra; e o inspirado Trio de Khachaturian com melodias e ritmos da Arménia e do Uzbequistão.


A 2.ª parte do concerto abre com a estreia de “Aleppo”, obra de Luís Tinoco, compositor laureado com Prémio de Composição DSCH – Schostakovich Ensemble 2019, inspirada em fontes musicais diversas, com especial destaque para as músicas do Médio Oriente, resultando num tributo àqueles que diariamente atravessam o Mar Mediterrâneo, fugindo a conflitos e às mais diversas adversidades. Seguem-se três obras que também refletem o tema dos cruzamentos entre vários géneros musicais: a suite de peças arranjadas por Heifetz para Duo de Violino e Piano da ópera “Porgy and Bess” de Gershwin, obra-prima que reflete a utilização do jazz e do folk na música clássica; a brilhante Sonata para Clarinete e Piano de Poulenc, que foi também encomendada por Benny Goodman e em que se verificam as influências dos blues e do jazz; e para terminar em festa… “O Casamento Klzemer”, do compositor canadiano Glick.


Para este concerto, o pianista Filipe Pinto-Ribeiro, fundador e diretor artístico do DSCH – Schostakovich Ensemble, convocou dois dos músicos mais emblemáticos do Ensemble, o violinista canadiano Corey Cerovsek e o clarinetista francês Pascal Moraguès.


 
DSCH – Schostakovich Ensemble

Piano e direção artística Filipe Pinto-Ribeiro
Clarinete Pascal Moraguès
Violino Corey Cerovsek


Programa:


I Parte
Igor Stravinsky Suite de A História do Soldado, para clarinete, violino e piano
Aram Khachaturian 
Trio para clarinete, violino e piano
Béla Bartók 
Contrastes, para Clarinete, Violino e Piano


II Parte


Luís Tinoco Aleppo, obra dedicada ao DSCH – Schostakovich Ensemble (estreia mundial)
George Gershwin 
Suite de Porgy and Bess para violino e piano: Summertime / Bess, You Is My Woman Now / It Ain’t Necessarily So
Francis Poulenc 
Sonata para clarinete e piano
Srul Irving Glick 
O Casamento Klezmer para clarinete, violino e piano

Mais informações e bilhetes: https://www.ccb.pt/Default/pt/Programacao/Musica?a=1824