5.11.2020
O TEMPO na MÚSICA e na CIÊNCIA
Ciclo de Concertos “O TEMPO na MÚSICA e na CIÊNCIA”
O “Tempo”, tema universal, tema fascinante e amplíssimo, tema científico e artístico. A lista dos seus significados é interminável, desde a medição/escalas do tempo às variadíssimas palavras relacionadas com o passar do tempo. A noção do tempo e da sua medição invade múltiplas áreas em múltiplas formas: física, biologia, sociologia, economia, matemática, história, literatura, música…
No âmbito nas comemorações dos 25 anos da criação do Ministério da Ciência e Tecnologia, propõe-se um ciclo de concertos sobre o Tempo, comissariados por Filipe Pinto-Ribeiro, um cruzamento entre as Ciências e a Música, com o intuito de estabelecer simbioses criativas e de estimular a capacidade de reflexão e de espírito crítico, tendo em vista o enriquecimento científico e cultural de públicos cada vez mais vastos e heterogéneos, com especial atenção ao público escolar.
Toda a informação em: https://ciencia25anos.pt/ciclo-de-concertos-comentados-o-tempo-na-musica-e-na-ciencia/
10 de novembro de 2020, 19h: Lisboa, Cinema São Jorge
Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento
“Beethoven e Mussorgsky: A (in)temporalidade da Música”
Filipe Pinto-Ribeiro (piano)
Prelúdio Científico: “O Tempo na Física”, por Vitor Cardoso
19 de novembro de 2020, 19h: Coimbra, Teatro Académico de Gil Vicente
“Schubert, Debussy e Messiaen: O Princípio e o Fim do Tempo”
DSCH – Schostakovich Ensemble
Prelúdio Científico: “O Tempo na Economia”, por Álvaro Garrido
24 de novembro de 2020, 19h: Porto, Mosteiro de São Bento da Vitória
Dia Nacional da Cultura Científica
“Vivaldi e Mozart: O Tempo das Estações”
Liza Ferschtman (violino) e Ensemble Festival Verão Clássico
Prelúdio Científico: “O Tempo na Biodiversidade”, por Sara Magalhães
Introdução, por Filipe Pinto-Ribeiro:
“Na primavera, flores de cerejeira, no verão, o cuco. No outono, a lua, e no inverno, a neve, clara, fria.” Eihei Dogen (1200-1253)
O “Tempo”, tema universal, tema fascinante e amplo, tema científico e artístico. A lista dos seus significados é interminável, desde a sua medição às variadíssimas palavras relacionadas com a passagem do tempo. A noção de “Tempo” invade muitas áreas, em muitas formas: Física, Biologia, Sociologia, Economia, Matemática, História, Literatura, Química, Filosofia…
Nas Artes, desde tempos remotos, o “tempo” da alternância das estações do ano fascina e inspira o espírito criativo humano. As “Quatro Estações” de Vivaldi são com certeza a obra musical mais famosa dedicada a este tema, mas é igualmente inesquecível a oratória “As Estações” de Haydn, bem como os retratos alegóricos das estações pintados por Arcimboldo com frutas e vegetais ou ainda os ciclos sobre estações compostos por Tchaikovsky, Piazzolla e, mais recentemente, Eurico Carrapatoso.
Para a comemoração dos 25 anos da criação do Ministério da Ciência e Tecnologia em Portugal, apresenta-se um ciclo de concertos sobre o “Tempo”, com “Prelúdios Científicos” dedicados a diferentes áreas do saber, um cruzamento entre a Música e as Ciências, com o intuito de estabelecer simbioses criativas e de estimular a capacidade de reflexão e de espírito crítico, tendo em vista o enriquecimento cultural e científico de públicos cada vez mais vastos e heterogéneos.
Para além das icónicas “Quatro Estações” de Vivaldi, este ciclo de concertos apresenta várias obras-primas da História da Música, relacionadas com a temática do “Tempo”: a célebre Sonata “Appassionata” de Beethoven, exemplo absoluto do conceito de intemporalidade na Música que levou o prémio Nobel Romain Rolland a descrever a sua imparável força retórica como “um caudal de fogo num leito de granito”; “Quadros de uma Exposição” de Mussorgsky, monumento musical na forma de um passeio imaginário por uma exposição de obras de um grande amigo de Mussorgsky, Viktor Hartmann, falecido subitamente com apenas 39 anos; duas obras relacionadas com o universo da noite e o seu carácter de suspensão melancólica do Tempo, o Trio “Notturno” de Schubert e a famosa Serenata n.º 13 de Mozart intitulada “Pequena Música Noturna”; o “Quarteto para o Fim do Tempo” de Messiaen, uma das obras mais icónicas do século XX, composta e estreada num campo nazi de prisioneiros, tendo como pano de fundo os horrores e tragédias da 2.ª Grande Guerra Mundial e a esperança de ultrapassar esse “tempo” apocalíptico.
O poema que serve de epígrafe a esta introdução foi escrito no séc. XIII pelo mestre zen budista Eihei Dogen. Na simplicidade aparente, mas expressiva, com que descreve a beleza das estações do ano, Dogen liga-nos à essência de elementos que se sucedem ao ritmo das estações. Dogen deu o título de “Espírito Inato” ao seu poema, um espírito de contemplação, descoberta e partilha do “tempo” que inspira este ciclo de concertos.
Filipe Pinto-Ribeiro